quarta-feira, 11 de julho de 2012

Que sujeito chato

O efedepê voltou a me telefonar ontem, minutos após a postagem de “Revelação”. Acionei imediatamente a tecla “ignorar”, enquanto seu esquisito nome piscava nervosamente no displei de meu aifone. E assim agi nas dezenas de tentativas que ele, sem êxito, obrou no sentido de novamente me desancar. Acho que a conta de eletricidade do irado sujeito quintuplicou, tantas foram as vezes que ele certamente recarregou o seu jurássico e pesado aparelho celular. O meu também sofreu um bom bocado e eu, temendo a sua explosão, o meti em frente ao ventilador.  Liguei o rádio e a tevê e, ao mesmo tempo, fiquei de olho nas últimas notícias dos jornais da internete, pois ora temia, ora torcia pela explosão de seu safenado e duro coração.
Homem absurdamente crente na existência do direito, bem assim na sua utilidade para o bem-estar da humanidade, era suscetível de se imaginar o piripaco do vetusto sujeito, ao ler em meu blogue a minha descrença, ou melhor, não crença numa instituição saci-pererística, mula-sem-cabecística, papainoelística como o tal de direito!
Hoje, assim que acordei, o meu aifone estrilou e li em sua tela um número de telefone que desconheço. Macaco velho que sou, acostumado às estratégias e táticas de cobradores, consistente em ligar de vários números, sobretudo do 043 do Paraná, fingi de morto. Além do mais, a exemplo do meu blogue e da porteira do meu sítio já tomada pelo mato, em razão da falta de entrantes e pisantes em sua grama, meu telefone, até ontem, mudo ficava, mudo permanecia e assim razões de sobra eu tinha para ter a certeza de que era ele quem realmente tentava me pegar.  Dezenas de números se alternaram ao longo do dia, mas eu solenemente os esnobei.
Ainda bem que vim parar aqui neste tugúrio perdido na imensidão da macega goiana, onde jamais ele fisicamente me achará, mesmo que o efibiei, a escotelande iarde ou a própria CIA se dignem a vir a seu socorro.
Enquanto o pobre do aifone estrilava que nem cantiga de grilo, me mergulhei em supostas indagações que fervilhavam naquela luzidia careca, tendo por mote a minha revelada não crença no direito.
Certamente ele, utilitarista, negocista e patrimonialista que sempre foi, como o é a quase totalidade da humanidade, está com certeza atribuindo a minha descrença no direito, imaginando-me derrotado em alguma ação que propus. Se essa a sua suposição, digo que ele se enganou esfericamente, pois não gosto de litígios, muito menos os judiciais.
Lido com o direito e suas instituições desde o momento em que comecei perceber o mundo. Inicia-se a percepção de mundo a partir do lugar em que damos os nossos primeiros passos, como a casa, o iglu, a oca, a tenda, a caverna, sob o viaduto, acompanhando mendigos e pedintes. E eu comecei a perceber o mundo na minha casa, cuja sala era tomada pelo cartório de meu pai. Aos doze, o cartório se mudou para o Fórum e eu fui junto e lá trabalhei até os quinze. Dos dezesseis aos dezenove, trabalhei num escritório de contabilidade, lidando, entre outras coisas, com questões legais, como contratos, recursos e coisas assim. Em seguida, me tornei funcionário público e há mais de vinte e cinco anos sou procurador federal. Sou bacharel em direito pela UFMG. Nada disso, no entanto, fez com que eu acreditasse no direito como instrumento capaz de colocar os homens em harmonia uns com os outros, bem assim em harmonia com o cosmos. E fui mais além do que operário das leis, pois me meti a fazê-las, quando exerci o mandato de deputado federal.

Por esse ângulo, eu deveria crer piamente no direito, mas não creio e amanhã começarei a dizer por qual razão!

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